Abertura por onde sopra o vento da poesia e minha jangada atravessa em direção ao mar literário, pescando palavras, sons, imagens, compondo esse museu de mim e não deixando morrer asfixiada a alma.
quinta-feira, 29 de março de 2012
quarta-feira, 14 de março de 2012
Peixes
Entre Campina e Caicó
O peixe voa
Sobre a estrada de asfalto
E ventania
E aquele olhar que atira pedra
Analgesia
O meu silêncio
Anita! Como a vida é boa!
Eu sou assim contente
Pelo teu sorriso
De alegria
E sempre nua primavera
Sertão adentro
Aqui encontro a hidrosfera
Onde as escamas desse peixe
Suavizo
Felicidade é ter amigos
Diz Epicuro
Ter liberdade e olhar bem dentro
Da pessoa
Se entre Campina e Caicó
O peixe voa
É por vontade de nadar
Além do escuro
Nesse desejo do não-ser
Eu me aventuro
Para chorar, sorrir
Ser livre, ser à toa.
Luciano Nunes
Sem que perceba o mar hoje espalhado
por tuas mãos e face,
reconquistando os tempos deslembrados
e esquecido de Deus, o vento nasce.
Queres há muito o mar e o mar se nega,
há muito, ao teu desejo,
que ao vento, só ao vento, o mar se entrega
e só o vento ao mar conserva aceso.
Não adianta ir de encontro às ondas
nem ir de encontro ao vento:
as águas açulando, o mar afunda,
à luz do sol, teus bruscos movimentos.
Aflita e, mais que aflita, desolada
da água em chamas recuas,
e sobre a areia expões sem expor nada,
os litorais da tua pele nua.
Distante o mar, viril, o vento estende
as mãos e acaricia
teu corpo que não quer, porém se rende
ao sol de abril, fugindo da água fria.
A partir desse instante apenas dormes,
dormes, nua e inerme,
entregue, toda, ao vento que percorre
por íntimos desvãos tua epiderme.
Jaci Bezerra - Livro de Olinda
por tuas mãos e face,
reconquistando os tempos deslembrados
e esquecido de Deus, o vento nasce.
Queres há muito o mar e o mar se nega,
há muito, ao teu desejo,
que ao vento, só ao vento, o mar se entrega
e só o vento ao mar conserva aceso.
Não adianta ir de encontro às ondas
nem ir de encontro ao vento:
as águas açulando, o mar afunda,
à luz do sol, teus bruscos movimentos.
Aflita e, mais que aflita, desolada
da água em chamas recuas,
e sobre a areia expões sem expor nada,
os litorais da tua pele nua.
Distante o mar, viril, o vento estende
as mãos e acaricia
teu corpo que não quer, porém se rende
ao sol de abril, fugindo da água fria.
A partir desse instante apenas dormes,
dormes, nua e inerme,
entregue, toda, ao vento que percorre
por íntimos desvãos tua epiderme.
Jaci Bezerra - Livro de Olinda
Luxúria
Maria Augusta de Aguiar Botelho
De olhar negro e pele muito branca
Quando passava balançando as ancas
Sentia o cheiro daqueles pentelhos.
Como eu queria osculá-los, tê-los
Vê-los com a lupa do cruel desejo
Mordê-los, pinicá-los, dá-los dez mil beijos
Aquele púbis foi meu desmantelo.
Um dia Deus me concedeu a glória
De ver despido aquele corpo santo
Me ajoelhei feito um fiel, aos prantos
Disse: Senhor, quem sou pra merecê-lo?
Ele me disse: Filho... É só luxúria!
Maria Augusta de Aguiar Botelho.
Luciano Nunes
De olhar negro e pele muito branca
Quando passava balançando as ancas
Sentia o cheiro daqueles pentelhos.
Como eu queria osculá-los, tê-los
Vê-los com a lupa do cruel desejo
Mordê-los, pinicá-los, dá-los dez mil beijos
Aquele púbis foi meu desmantelo.
Um dia Deus me concedeu a glória
De ver despido aquele corpo santo
Me ajoelhei feito um fiel, aos prantos
Disse: Senhor, quem sou pra merecê-lo?
Ele me disse: Filho... É só luxúria!
Maria Augusta de Aguiar Botelho.
Luciano Nunes
O nariz empinado
Não empines tanto assim o teu nariz
Lança vistas sobre o campo, olhai os lírios
É preciso a temperança dos delírios
Para manter-se à corda bamba, o aprendiz
E se lá no fim do túnel, chão de giz
Encontrares, pouca luz, ou nenhum círio
Com os mesmos olhos nus dos teus martírios
Compreenderás, nada reconstituís
Não empines teu nariz além das horas
Deixas, pois, o teu silêncio atravessar
A caligem dos instantes, corrobora
Que assim é bem mais doce navegar
Percebendo que o tempo nunca ancora
Segue sempre o seu galope à beira-mar.
Luciano Nunes
Chico Doido de Caicó
Um dia encontrei Zé Limeira
Às margens do Bodocongó
Eu perguntei por Campina
Ele perguntou por Caicó.
Perto de Guarabira
Lá pras bandas de Sapé
Cristo dançava xaxado
Com a princesa Isabé.
Eu também já fui jumento
Diz o Novo Testamento.
_____________
Uma vez em Campina Grande
Perto da Maciel Pinheiro
Tomei tanto sorvete de rainha
Que o Rei Luís de França
Resolveu bombardear o Japão.
Acuda-me Zé Limeira, nego véio,
Tocaram fogo no Cariri
Só pra que eu pudesse rimar
Tatu com xixi.
Às margens do Bodocongó
Eu perguntei por Campina
Ele perguntou por Caicó.
Perto de Guarabira
Lá pras bandas de Sapé
Cristo dançava xaxado
Com a princesa Isabé.
Eu também já fui jumento
Diz o Novo Testamento.
_____________
Uma vez em Campina Grande
Perto da Maciel Pinheiro
Tomei tanto sorvete de rainha
Que o Rei Luís de França
Resolveu bombardear o Japão.
Acuda-me Zé Limeira, nego véio,
Tocaram fogo no Cariri
Só pra que eu pudesse rimar
Tatu com xixi.
Ai! Se sêsse!...
Se um día nós se gostásse;
Se um día nós se querêsse;
Se nós dois se impariásse;
Se juntinho nós dois vivêsse!
Se juntinho nós dois morásse;
Se juntinho nós dois drumísse;
Se juntinho nós dois morrêsse!
Se pro céu nós assubísse!?
Mas porém, se acontecêsse,
Qui São Pêdo não abrísse
As porta do céu e fôsse,
Te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminásse
E tu cum eu insistísse,
Prá qui eu me arrezorvêsse,
E a minha faca puchásse,
E o buxo do céu furásse?...
Tarvez qui nós dois ficásse
Tarvez qui nós dois caísse,
E o céu furado arriásse
E as virge tôdas fugísse!!!
Zé da Luz
Se um día nós se querêsse;
Se nós dois se impariásse;
Se juntinho nós dois vivêsse!
Se juntinho nós dois morásse;
Se juntinho nós dois drumísse;
Se juntinho nós dois morrêsse!
Se pro céu nós assubísse!?
Mas porém, se acontecêsse,
Qui São Pêdo não abrísse
As porta do céu e fôsse,
Te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminásse
E tu cum eu insistísse,
Prá qui eu me arrezorvêsse,
E a minha faca puchásse,
E o buxo do céu furásse?...
Tarvez qui nós dois ficásse
Tarvez qui nós dois caísse,
E o céu furado arriásse
E as virge tôdas fugísse!!!
Zé da Luz
Ah! Poesia sua danada...
Neste dia da poesia, pequenas homenagens a poetas e poetisas que transbordam os meus dias!!!
meu corpo desiste.
mudo peito transeunte
em fixo cal(o)
corre a massa do meu corpo
em si )imantada).
in
cauto
corpo de caliça
minha voz atiça
a solidez do poema.
Iara Carvalho
em
canto
minha voz persiste
meu corpo desiste.
mudo peito transeunte
em fixo cal(o)
corre a massa do meu corpo
em si )imantada).
in
cauto
corpo de caliça
minha voz atiça
a solidez do poema.
Iara Carvalho
quinta-feira, 8 de março de 2012
Mulheres...
Parabenizo a todas nós por este dia e desejo que continuemos a vencer pequenas batalhas diárias e a lutar por uma sociedade mais igualitária, que nos respeite enquanto seres providos de desejos, anseios e sentimentos.
Afago-as com a forte e marcante presença de Cátia de França, mulher nordestina que marcou época na música brasileira e a poesia de Iara Carvalho que desponta à voar cada vez mais alto nos caminhos literários.
Fonte
sou mulher: um deserto
me chama pra ser
areia e tempo
escorregadio.
mas também
água pingando
solta por dentro
do vestido.
Fontes: Youtube e Iara Carvalho In.: Milagreira (2011)
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