Não empines tanto assim o teu nariz
Lança vistas sobre o campo, olhai os lírios
É preciso a temperança dos delírios
Para manter-se à corda bamba, o aprendiz
E se lá no fim do túnel, chão de giz
Encontrares, pouca luz, ou nenhum círio
Com os mesmos olhos nus dos teus martírios
Compreenderás, nada reconstituís
Não empines teu nariz além das horas
Deixas, pois, o teu silêncio atravessar
A caligem dos instantes, corrobora
Que assim é bem mais doce navegar
Percebendo que o tempo nunca ancora
Segue sempre o seu galope à beira-mar.
Luciano Nunes
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